Kit de primeiros socorros no carro: o que diz o Código de Trânsito?

Muitos motoristas ainda podem ter dúvidas se o kit de primeiros socorros obrigatório no carro é uma exigência atual do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O tema gera discussões, principalmente porque já existiu, no passado, uma lei que obrigava todos os veículos a circularem com esses produtos.

Para além da questão legal, também surge o debate sobre a importância de manter um kit de emergência para lidar com situações imprevistas, como pequenos acidentes ou um mal-estar durante uma viagem.

Neste artigo, você vai entender o que a legislação realmente prevê sobre o assunto, quais itens são recomendados em um kit de primeiros socorros e quais cuidados adotar para que ele seja realmente útil quando necessário.

Kit de primeiros socorros é obrigatório por lei?

Primeiro, é importante relembrarmos que o Código de Trânsito Brasileiro de 1998 realmente previa a obrigatoriedade do kit de primeiros socorros nos veículos, e sim, um motorista poderia ser multado se não estivesse carregando o kit.

No entanto, após intensos questionamentos e debates na Câmara dos Deputados sobre a real eficácia da medida e os riscos de uso inadequado dos materiais por pessoas sem preparo, a exigência foi revogada em 1999, por meio da Lei nº 9.792.

Isso significa que, atualmente, não existe obrigatoriedade legal de portar o kit de primeiros socorros no carro. A ausência do item não gera multa, nem é considerada infração de trânsito. 

Embora não seja mais obrigatório por lei, manter um kit no veículo ainda é altamente recomendável, já que ele pode ser útil em situações emergenciais, seja para você ou para ajudar outra pessoa. Mais do que cumprir uma regra, ter esse recurso à mão pode fazer diferença em acidentes leves ou no atendimento inicial até a chegada de uma equipe especializada.

Itens essenciais que devem constar no kit do veículo

Ainda que não seja exigência legal, existem alguns itens básicos que compõem um bom kit de primeiros socorros automotivo. Eles não substituem um atendimento médico, mas podem ajudar a prestar auxílio imediato e evitar complicações até a chegada do socorro.

Entre os itens recomendados para um kit de primeiros socorros automotivos estão:

• Luvas descartáveis: utilizadas para evitar contato direto com sangue ou secreções.
  
  

• Gaze estéril e ataduras: que funciona bem para estancar sangramentos e proteger ferimentos do contato com o ambiente externo.
  
  

• Esparadrapo e bandagens: que são muito úteis para para fixação de curativos e talas e objetos similares.
  
  

• Tesoura sem ponta: que pode ser utilizada para cortes rápidos de roupas ou para melhor manuseio dos itens descritos acima.
  
  

• Soro fisiológico: que tem como utilidade realizar a higienização de feridas antes da realização do curativo.
  
  

• Termômetro: com objetivo de monitorar febre.
  
  

• Antisséptico: que pode ser álcool 70%, iodado ou uma solução própria, para garantir a limpeza inicial de possíveis lesões.

• Para quem sofre com hipertensão ou diabetes, é opcional levar um aparelho de aferição e medidor de glicose a pilha ou bateria, tornando possível realizar a aferição em tempo real.

Vale destacar que o kit não deve conter medicamentos, já que a automedicação pode ser perigosa, salvo se forem medicações prescritas para o passageiro e ele queira ter disponível para uma emergência. Neste caso, é importante sempre ter atenção à validade do medicamento antes da ingestão.

Porém, de forma geral, o foco do kit de primeiros socorros no veículo deve ser sempre em materiais de apoio e primeiros atendimentos simples.

Onde armazenar o kit no carro de forma segura

Para ser realmente útil, o kit de primeiros socorros precisa estar em um local de fácil acesso dentro do veículo. Muitos motoristas optam por deixá-lo no porta-luvas, que permite alcance rápido em situações emergenciais. 

Outra opção é o porta-malas, desde que em compartimento visível e separado dos objetos do dia a dia. Porém, essa opção costuma ser menos utilizada, pelo risco de, em um acidente com colisão traseira, o kit fique impossibilitado de ser retirado e utilizado.

Por fim, é importante que o kit fique em uma caixa ou bolsa própria, resistente e organizada, para que os itens não se espalhem ou se deteriorem com o tempo. Em veículos que transportam passageiros com frequência, como vans escolares ou de turismo, manter o kit acessível é ainda mais fundamental.

Cuidados com validade e conservação do kit

De nada adianta ter um kit de primeiros socorros no carro se os materiais estiverem vencidos ou em más condições. Por isso, é essencial realizar revisões periódicas, verificando a validade de produtos como soro fisiológico, antissépticos e gazes estéreis. No caso de estar carregando remédios, estes também devem ser verificados.

Outro ponto de atenção é a conservação dos materiais dentro do veículo. O interior do carro pode atingir temperaturas elevadas, especialmente quando estacionado sob o sol, o que pode comprometer a integridade dos materiais. Por isso, é recomendável guardar o kit em local protegido do calor excessivo e revisar regularmente o estado dos produtos.

Manter essa rotina de checagem garante que o kit estará pronto para ser usado sempre que necessário, sem riscos de falhas no momento em que for realmente importante.

Conclusão

O kit de primeiros socorros obrigatório no carro deixou de ser uma exigência legal há mais de duas décadas, mas continua sendo um item altamente recomendado para motoristas responsáveis. Ele não apenas contribui para a segurança no trânsito, como também pode ajudar a salvar vidas em casos de emergência.

Uma das principais razões para ter um é que é melhor ter disponível e não precisar usar do que passar por uma necessidade e ficar na mão. Mesmo sem multas ou penalidades envolvidas, investir em um kit de primeiros socorros é uma forma prática de se preparar para imprevistos e cuidar de quem está com você na estrada.